quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

És obsessão - A guerra

     Algumas vezes já cogitei que não daria certo, confesso. Somos duas bombas a explodir, dois abalos sísmicos. Nunca saiu faísca de onde nós estamos, sempre foi fogaréu, pandemônio, colapso mundial. Por vezes a vontade é de virar as costas, ir embora, não dá mais. Mas por que seguimos?

     A segunda guerra mundial começou por causa da sede de poder. Assim como na década de quarenta, eu e você somos dois camicases. Nos lançamos um ao outro com força, sem temer a movimentação das placas tectônicas dessa relação. Nos lançamos explosivos, gritamos e esbravejamos como quem se vê diante de uma discussão global, que ditará o futuro do mundo.

    Mas dói. O seu olhar perfurando o meu, as suas palavras atravessando as minhas. Eu já sou pequena, e fico ainda mais diante das suas palavras, dos seus argumentos. Em resposta eu grito, que é pra ficar à sua altura. Pra mostrar que apesar de pequena eu também sinto e quero ser ouvida. 

    Muito desses embates de fato não merecem a grandiosidade que damos. A preferência pelo dramalhão mexicano ainda é um mistério pra mim, que nunca gostei desse tipo de cultura. Só a exerço com você. E isso é mais misterioso que o triângulo das bermudas. Aliás, acredito que seja ali que nos perdemos quando nos desentendemos. Ninguém nos acha, nem nós mesmos. Quando a gente se vê, já estamos afundados dentro de uma caverna que ecoa tudo o que falamos no auge da luta.

   E de uma forma que eu desconheço completamente (deu pra perceber que eu manjo quase nada né?) nós emergimos. Voltamos à superfície, entrelaçados e apaixonados. Sedentos por calar com beijos a boca que xinga e esbraveja. A paixão reverbera, as borboletas do estômago saem do casulo e voltam a perambular pelo meu interior. Você sabe, não é? Eu acredito em magia. 

   E como mágica prosseguimos. Escutamos de todos os lados que viver desse jeito é impossível, mas como seria possível viver sem nós? Pior do que ficar, é partir. E assim ficamos, como dois cães abandonados se escondendo da chuva. Molhados, fracos e vulneráveis.
                                                                                                                                                  Mas assim que o sol volta a brilhar, vamos juntos rolar na grama verde.  




domingo, 10 de novembro de 2013

És obsessão – Teu beijo

Em uma escala de um a dez, teus lábios me elevam à mil. Não importa o que tenha feito, ou o que eu ache que você tenha feito, ou o quanto você não tocou em mim durante todo o dia ou noite. Quando vamos nos deitar, é o teu beijo que me rende.

Talvez pelo misto de maciez e firmeza com que me toca e me consome. Ou, quem sabe seja pela certeza de onde ir para me levar. É uma passagem sem volta pro seu mundo, do qual eu não consigo sair nem quando quero. É um redemoinho de carinho, luxúria e proteção. Um labirinto do qual eu não sou capaz de me livrar.

Muito da magia talvez seja porque você faz isso pouco. Quase não tenho vez. Estejamos em público, entre amigos ou sozinhos: eu não dito as regras, eu não digo quando terei seus lábios. São eles que me têm, e isso é agoniante.

Eu sempre fico irritada, não me leve a mal. Quem faz isso tão bem deveria fazer mais. Não sei por que, mas prefere guarda-los pra você. Prefere me privar agora para me afogar depois. Isso é tortura! E não mais que a tortura, talvez seja esse jogo que me prenda a você.

Talvez também seja por isso que eu fale tanto em morar junto. Porque quem sabe você me beije mais todos os dias. Quem sabe esqueça esse muro de proteção ao seu redor e se deixe sentir, simplesmente. Eu sei que você sente, mas eu não quero só saber. Você sabe. Eu quero sentir, quero ver.

Você é mais frio que eu, e isso nem se discute. Enquanto eu sou ariana, fogo, impulsividade e paixão você é capricorniano, equilibrado, planejador e visionário. Mas você esquece que para termos um futuro precisamos investir em um presente. A maneira com a qual você planeja a sua vida eu confesso, é inspiradora, mas espera lá: já pensou em olhar para o agora? Você sabe o que está fazendo financeiramente para que tudo ocorra conforme a planilha, mas existem coisas que não precisam de planilhas, fórmulas e porcentagens.

Existe uma coisa chamada investimento, e você sabe muito bem o que é, já que fala tanto a todo o tempo sobre o assunto. Você investe dinheiro na poupança, tempo no trabalho e conteúdo na cabeça. Falta algo?! Pense melhor.

Para mim, o beijo é uma ótima forma de investimento. Veja bem: o selinho improvisado é aquela moedinha que você coloca no cofre. Quanto mais você coloca ali, maior é o conjunto da obra no final. Também temos o selinho três segundos, um valor um pouco maior, mas nem tanto, que você coloca no cofrinho também. São aquelas moedas maiores, que quando você despeja no porquinho você sabe que no final vai ser um resultado e tanto.

O beijo de língua é como o seu jantar preferido: você pode não comprar com tanta frequência, mas é uma delícia comer sempre que pode, não é? É sim. Por isso, já que ele demanda um pouquinho mais de tempo e dedicação, deve ser feito com sinceridade e paixão. É por ele que você prova para a outra pessoa que você ainda a ama. Ou para o seu estômago que você ainda pode satisfazê-lo.

Por último, mas não menos importante, tem o beijo de língua quente. Preste bem atenção: o beijo anterior não pode ser dado visando segundas intenções, ele precisa ser pelo simples prazer de beijar. Mas o beijo de língua quente tá liberado. Pode pegar onde quiser e como quiser. Esse é para quando você vai comemorar que está vivendo bem e pode gastar um pouquinho a mais (de tempo!). Invista. Invista toque, olhar e palavras, frases inteiras. Não tenha medo de ser piegas, só estão vocês ali. O retorno é garantido.

Voltando aos teus lábios: os entregue a mim, por favor. Faço esse apelo porque é deveras maldade negá-los. Tanta química entre os meus e os seus deve ser celebrada sempre que possível – e meu caro, é sempre possível.

Toque-me. Beije-me.

Tenha-me.


Enquanto fizer isso serei sua.

Quando não fizer, já não serei mais.



Um beijo.





terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quero ser escritora.

    Desde quando a gente é pequeno, existe aquele momento em que escolhemos nossa profissão do futuro. Eu já quis ser veterinária, pra cuidar dos bichos. Então eu descobri que veterinário só cuida de bicho doente, e que ocasionalmente, quando eles chegassem até mim, o destino era a morte.

    Mudei de ideia. Agora queria ser bióloga. Cuidar dos bichos VIVOS, certo? Errado. Biologia tem química e, dã, biologia. Desde que eu descobri a química e a biologia eu considero os biólogos e os químicos uns deuses inalcançáveis detentores de um conhecimento absoluto.

  Quis fazer nutrição, porque o nome era bonito e eu ia me alimentar bem. Descobri que tinha química. Fodeu. Vide o parágrafo anterior.

    Busquei no Google o que dava pra fazer que não tinha matemática, química, biologia ou física. Encontrei direito. Muito bacana, se eu não tivesse que andar com um livro de mil páginas de palavras complicadas embaixo do braço, e se eu não tivesse que falar para autoridades e defender a vida de alguém. Pressão, a gente não se entende. Tremo só de pensar nessa possibilidade.

   Aí encontrei o jornalismo. Ganha mal, mas eu ia fazer o que eu mais amo: escrever. Ainda ia ganhar uma base ótima de técnica e de escrita, ia fazer contatos, conhecer pessoas e lugares que não conheceria de nenhum outro jeito, enfim, quase perfeito. 

  Não me entendam mal, eu amo minha profissão. Quero construir toda a experiência que der e adquirir todo o conhecimento possível. Sugar todos os ensinamentos dos meus mentores e me tornar enfim uma jornalista pra dizer de boca cheia.

   Mas não é o bastante, e eu sei disso. Eu amo a agitação, a loucura e o deadline. Mas meu corpo vai entrar em um colapso assim que eu tiver um tempo livre. Ainda bem que não tenho. 

  Entre um hambúrguer com batatas fritas (outro motivo pelo qual eu não seria nutricionista, né gente?!) e um namorado do meu lado, eu tive um lampejo (ah, que palavra bonita!): quero ser escritora.

  E não quero escrever auto-ajuda, que de ajuda eu só sei fazer comentário sarcástico. Quero escrever ficção, ou desdobrar essa realidade louca do século XXI. Quero deixar as pessoas boquiabertas enquanto leem meu livro, assim como eu fico com Dan Brown, JK Rowling e outros. 

  Pra melhorar minha vontade, meu texto é elogiado por uma jornalista com anos de prática e vivência. É um sinal?! Eu quero acreditar que sim. Pode ser ingenuidade, mas meu objetivo na vida é esse: viver de escrever livros. Acho que o meu "sucesso" vai ser quando eu puder viver das minhas obras, das minhas inspirações. Do meu tempo.

  Deus queira que isso aconteça. E eu quero fazer acontecer.

  Quero ser escritora.

   

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Deusa interior diz: Acorda

Nessa tarde quente, eu vim falar com você.

Qual é o problema? São cinco horas da tarde e você não fez nada do que planejou até agora pra hoje. Conferiu a sua lista? Está tudo lá né? E aí? 

Não coloca a culpa no calor. Sorocaba sempre vai ser quente, ou você se acostuma, ou muda pra Sibéria. E aí você vai reclamar do frio.

Não coloca a culpa na falta da escrivaninha. Tem gente que trabalha em lugar pior do que você, dê graças à Deus da sorte que você tem pelos seus empregos.

Não coloca a culpa no dinheiro. Ou na falta dele. Você precisa trabalhar justamente pra se manter com o pouco de grana que ganha. Sua família depende de você (constituída por você, seu carro e sua geladeira).

Não coloca a culpa nos problemas dos outros. São pessoas ao seu lado? Sim. O problema tem a ver com você? Não. Eu sei que machuca, que te inspira a ficar na cama o dia inteiro, mas você tem uma vida. Uma vida pra viver, e você está nos gloriosos VINTE. 

VIVA OS VINTE!

Vai guardar dinheiro, trabalhar e estudar feito uma condenada, porque é isso que faz com que você sinta orgulho de acordar às quatro da manhã e ir dormir à meia noite. É exatamente isso.

O desgaste dos horários. O tesão no que você faz.

O que você faz é desgastante, e você soube isso desde o primeiro ano de faculdade.

Você escolheu, assuma sua escolha.

E cara, você está feliz com ela. Me ouça, VOCÊ ESTÁ FELIZ.

Eu estou feliz.

Cansada, sem dinheiro e feliz.

Nota: A Deusa interior é minha consciência falando mais alto. Às vezes, quando estou me perdendo em desculpas sem nexo, ela vem em diversas formas e me coloca no eixo de novo. Vem como sonho, como ideia, como uma repentina vontade de levantar da cama e olhar pela janela. 

"Sai do quarto, Natalia. Vai ver o Sol."

terça-feira, 18 de junho de 2013

Preparar, manifestar, SENTIDO?!

O dia 17 de junho de 2013 sem dúvida entrou para a história como o ACORDA BRASIL que o brasileiro tanto esperava, mas não levantava a bunda do sofá para fazer. Toda a comoção nas ruas gerou o desespero das autoridades que, sem saber como reagir, falavam asneiras atrás de asneiras. Como um governante consegue identificar mais (muito mais) de 100 mil brasileiros como arruaceiros? Eu lhes digo como: depois do movimento "caras pintadas" (1992), nunca antes na história desse Brasil de meu Deus aconteceu algo assim.

Nesta última segunda-feira a internet ajudou o povo a mostrar o seu poder. Milhares de cidadãos saíram às ruas para reclamar seus direitos, e sim, os vinte centavos fazem parte da manifestação. Os vinte centavos foram a gota d'água, foram o estopim, o "pedala" que o brasileiro tomou na cabeça pra acordar. E então o nosso gigante, idoso e aleijado Brasil acordou.


O que eu vos pergunto é: qual o sentido nisso tudo? O estopim foi o preço da passagem de ônibus? Ótimo. Mas e quando eles baixarem (se é que vão) o valor, todo esse manifesto vai acabar? Todos vamos voltar para casa e assistir televisão, compartilhar "humor no face" e voltar ao estado vegetativo?

A pergunta é: o gigante acordou para arregaçar as mangas, ou vai voltar a cochilar?

É justo com todas essas pessoas, policiais e civis, que sofreram repressão, que a coisa toda se esvaia? Que toda a luta, cartazes, balas de borracha e barulho tenham sido em vão?

Não, não é justo. Por isso eu digo: não deixem de lutar. Ainda que a causa seja vinte centavos, dez reais ou bilhões: há uma causa, e basta ter uma causa para que ela valha a pena, por menor que seja.

Eu não consigo descrever o quanto fiquei arrepiada com toda a situação, aqui do meu sofá (sofá não porque eu não tenho, aqui da cama). O sentimento de patriotismo aflorou - porque até então ninguém sabia exatamente o que era patriotismo. O ódio da polícia atacando de graça manifestantes pacíficos. O nojo de pseudo-manifestantes que tinham um maior interesse em pichar o símbolo da anarquia nos ônibus e prédios públicos do que pela defesa da causa. Tudo isso levou a população brasileira a um novo patamar.

Desejo que esse patamar não caia. Que esse sentimento reverbere por todas as gerações que vierem. Que nós tenhamos orgulho da nossa luta assim como os caras pintadas tiveram. A luta brasileira é verde e amarela em toda a sua essência, é nativa, é forte, é brava.

MUNDO: TU VERÁS QUE UM FILHO DO BRASIL NÃO FOGE À LUTA.



E é.




sexta-feira, 7 de junho de 2013

Bem vinda à Sorocaba

   1º de maio. Foi no dia do trabalho que eu dei uma reviravolta na minha vida para... Trabalhar.

  Após me mudar de São Bernardo para São Roque, agora eu levaria minhas malas para outro S: o de Sorocaba. Se eu for cada vez mais para o interior, daqui a pouco eu vou parar lá em Buenos Aires. Não que eu ache isso ruim.

Apenas uma humilde residência na Argentina.

  Pois bem, foram dez anos na cidade da garoa gelada e da pista de ski. Foi a melhor adolescência que eu poderia ter. Cidade tranquila, amizades boas. Mas quem cresce a cabeça não quer ficar em lugar de cabeça pequena. Sim, São Roque é ótimo, mas as pessoas tem uma mente pequeníssima, sem vontade de crescer ou ser mais que um vendedor de lojinha do centro. Não estou desmerecendo os vendedores de lojinha do centro, mas porra, se você pode mais, porque não correr atrás?

  Foi o que eu fiz. Corri atrás e cheguei aqui, no início de toda a minha carreira de jornalistona.

  Comecei um estágio foda na parte de rádio. Escrevo, faço locução e edito um programa de rádio diário para a Rádio Cruzeiro do Sul (claro, com a ajuda da equipe liiiiiinda do Laboratório de Comunicação da Uniso, do qual faço parte com todo o orgulho que me cabe <3). Ele se chama Rádio Jornal Inclusão, e traz notícias sobre e para deficientes, pessoas com mobilidade reduzida e idosos. As notícias são sobre saúde, legislação, qualidade de vida, tecnologias e o que mais pintar.

Rádio Jornal Inclusão, com um dos Fer's da minha vida,
e o técnico Paulo mandão lá atrás.
 
  A verdade é que eu nunca pensei que fosse fazer rádio. Pra mim, minha vida seria em uma redação de jornal, no máximo, em uma revista. Pois bem, eis que eu me identifiquei com uma das duas vertentes do jornalismo que eu mais rejeitava. Encontrei a paixão pelo rádio, pela locução, pela escrita. Escrita simples, pra ser entendida de primeira. Acreditem, é muuuuuuuuuito difícil, mas muito recompensador. Principalmente quando você trabalha com um dos caras mais foda da área de rádio na região (beijo, Fer!) e quando outro professor vem dizer que ouviu teu trabalho e que curtiu (beijo, Raul!). A palavra pras minhas tardes é: re-com-pen-sa-dor.

  Aí depois de um tempo trabalhando com rádio uma outra proposta surge. Uma proposta pra trabalhar em um lugar que eu NUNCA, vou repetir, NUNCA imaginei trabalhar: a televisão. Sempre achava que não ia dar certo, que eu não prestava pra isso, que a coisa era muito rápida e dinâmica pra mim. Pois bem, não é e tá longe de ser. Na real? Televisão dá um tesão e-nor-me! A falta de rotina, os casos que chegam até nós, a disciplina, a correria, as mil risadas que só a galera de comunicação pode proporcionar... A palavra pras minhas manhãs é: te-são.

Foi o melhor que eu consegui.
Não dá tempo de tirar foto na redação da tv. 

  Essa é a parte do trabalho, é isso o que estou fazendo. Mas aí tem outro ponto da minha nada mole vida: onde estou morando. Por favor, Jô, já tenho história pra ir contar no seu programa viu! E quem sabe escrever um livro? Sonhar ainda não paga - ainda. 

  Eu estou morando em uma pensão, em Sorocaba, com mais SETE meninas. Dentre essas sete, duas são chinesas e duas são espanholas. ¿Qué tal? Mas os diálogos e situações com elas são para outro post. 

  E eu tenho um carro. Ou seja, independence year!

  Obrigada Sorocaba por me acolher e dar esse start na minha vida pessoal e profissional. É tóis!

Gets so heavy, but it's extraordinary.


terça-feira, 12 de março de 2013

Estou voltando pra você

Você é um canalha de marca maior. Usa, usa, pisa e depois vem me abraçar cheio de ternura e carinho. Você é o típico cafajeste, e eu sou a sua mulher. Sou eu aqui, mulher de bandido. Eu não me orgulho disso, mas o que me faz amar você é a sua inconstância, acredito.

Passei todo esse tempo em meio a uma guerra com você. Discussões, choros noturnos, você é minha dor de cabeça eterna. Mas, assim como aquela pedrinha no sapato, a gente se acostuma e até gosta.

Pensei em terminar com você milhões de vezes, tenho até um discurso ensaiado no chuveiro. Você não presta! Eu mereço ser feliz! Eu não mereço viver uma vida de stress! Você e sua correria, seus prazos, seu planejamento. Fora, sai da minha vida!

Mas eu repensei nossa relação depois de hoje. Hoje eu acordei leve, e pensei em nós dois. Eu e você, uma parte da vida juntos, após vários ringues de batalha, chegamos a um ponto neutro. É aqui que entra meu amor por você.

Hoje eu fui despertada por meio do som apenas, sem imagem. Fechei meus olhos e te escutei com toda a atenção que faltava, que tinha se esgotado após as feridas. Você veio como uma melodia doce cantar no meu ouvido, e ali eu soube - mais uma vez, eu sei - que é você.

Minha mão é sua, meu coração é seu, minha vida é sua. Eu me entreguei e não ligo nem um pouco para o nosso futuro incerto. Tenho certeza de que virão mais brigas, mais desentendimentos, mais raiva. Mas a gente é assim, não é? Tapas e beijos, ódio e desejo, sonho e loucura.


Hoje eu volto pra você, jornalismo, de braços abertos. O seu rádio me atraiu mais uma vez para a teia da comunicação, e cá estou eu, uma adolescente apaixonada de novo.

Obrigada por me aceitar de volta.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O limite do "tapas e beijos"

  Você, que namora, é casado ou já foi uma dessas coisas, me responda: quantas vezes vocês brigaram por motivos fúteis?


  Eu, como boa cidadã do mundo, tenho amigas. E não precisaria delas pra chegar a uma conclusão sobre o assunto, até porque eu também sou assim. Brigas por qualquer motivo besta como "demorar pra escolher o sanduíche" ou por motivos de roupa, amigos etc. Elas sempre têm espaço em qualquer relacionamento.

 Particularmente, eu e meu namorado brigamos bem. Com uma certa frequência e com todo o drama possível. É o que acontece quando temos dois gênios e personalidades completamente diferentes. Ainda assim, o amor bate à porta e nos amarra em uma daquelas cordas brilhantes e mágicas. Mas, na real, porque brigamos tanto por tão pouco?



  Seria tão mais legal se eu soubesse, de fato, o que acontece. 

  Mas eu tenho uma teoria: acredito que as pessoas busquem que seu(sua) companheiro(a) a(o) reconquiste. Esse é o real motivo de tantas brigas, afinal, quem pode contra o sexo de reconciliação? Não só o sexo, se você não pratica esse pecado o beijo de reconciliação já está de bom tamanho. 

  As pessoas imploram por um pouco de romantismo e de algo a mais do que "eu te amo" no dia a dia. Porque pensa comigo, a cada dia, com toda essa correria típica de trabalho, faculdade e crianças, quem pensa em romantismo? 

  A verdadeira busca nesses dias é com relação ao conforto da "home". Chegar em casa e saber que tem alguém ali que não vai iniciar uma discussão de "o que houve" e "por que você está diferente". Abrir a porta, dar um estalo de beijo, ir pro banho, colocar o pijama, jantar e sentar em frente à TV, absolutamente sem nada pra pensar.

 O problema é que muitas coisas se perdem se isso acontece todos os dias. Muitos "você está linda(o)", "senti sua falta" e "você é meu _________ (introduza seu apelido amoroso brega aqui - nem vem, todos temos um!)" se perdem com o passar dos dias, e como eles fazem falta. Por isso, chegamos às brigas.

  Praticamente colocamos uma faca no pescoço do outro, implorando por um pouco de flores nesse relacionamento. Mas o erro também está aí. Uma briguinha ou outra, que não dure mais do que 10 minutos é ótimo: acende o fogo, esquenta as coisas. Mas fazer disso uma rotina, infernizando a vida não só do companheiro, mas a sua também, é esgotante. Brigar exige força pra ter raiva da pessoa que você ama, exige força pra manter essa raiva por um período significante (ah, o orgulho).

  E, quando a raiva vem acompanhada do esgotamento, só há um caminho: o do fim. Os dois componentes dessa relação começam a acreditar mesmo que estão com raiva, que se odeiam e que portanto não se amam. É aí que grandes paixões se perdem. 

  Apenas porque não foram ditas coisas bacanas ou porque carinhos não foram feitos. Muitas vezes, um carinho no rosto, no braço, na perna, um cafuné simplesmente, sem precisar falar nada, já é o bastante pra não deixar a chama morrer. Um relacionamento é feito de pequenas coisas, todos os dias. Você aí, que tem uma planta, um cachorro ou um bichinho virtual: não é preciso aguar, alimentar e cuidar todos os dias dessas criaturas? O relacionamento a dois é uma criatura. É preciso cuidar, engolir o orgulho na hora certa. 



  Por isso eu vos faço um desafio: neste ano de 2013, ou até onde você aguentar, diga uma coisa gentil ou faça um carinho todos os dias. Pelo menos uma. Desculpa, mas só "eu te amo" já não vale mais, infelizmente. Perdeu a força. Pode significar o que for pra vocês (como pra mim, que realmente significa amor), é preciso mais hoje em dia. Um beijo na testa, um carinho na barba, um beijo demorado. Eu percebi que os casais já não se beijam com tanta frequência. É sempre aquela coisa só de boca, sem língua. Em que lugar enfiaram a paixão, o ardor? O pecado. O beijo de língua tem um quê de pecado delicioso. Um pecado que só nós, humanos, desfrutamos.

  A vida a dois nunca é e nunca será fácil, mas dá pra amaciar.

  E aí, rola um cafuné hoje?