sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A francesa chefona e até onde as mulheres já chegaram

Hoje, em minha varreção diária nos sites de notícia me deparei com uma notícia que me engrandeceu os olhos.


Pela primeira vez, uma mulher comandará a Interpol


A nova presidente da Interpol, Mireille Ballestrazzi, discursa em assembleia da organização em Roma
Via UOL


Gente, olha que moça danada! Ela se chama Mireille Ballestrazzi, tem 58 anos e vai comandar uma das maiores organizações policiais do mundo. UMA MULHER. Vocês tem noção? É um marco, definitivamente. Comissária da Polícia desde 1975, ela já ocupou diversos cargos de diretoria na Interpol. Desde 2010 essa linda já era a segundona na organização (sem piadas com o meu Palmeiras, ok?) e agora botou tudo pra quebrar, guardou a moleca no armário, calçou o salto e vai pisar na cara da criminalidade. 

Ok,  mulheres assumindo cargos altos na direção de empresas já tornou-se normalíssimo (e isso é uma conquista enorme das nossas amigas queimadoras de sutiã!). Mas chefiar é uma coisa bem diferente! Significa que a palavra dela é a que vai reger toda uma série de ações! Todas as ocorrências, os procedimentos, TUDO terá de ser reportado a ela. 

Para quem não sabe, a Interpol atua como uma central de informações para que as polícias trabalhem no combate de crimes considerados internacionais (narcotráfico, tráfico de pessoas e contrabando). Ou seja, como eu já disse, essa organização é muito importante para todo o mundo.

Mas voltando à francesa (sim, ela é francesa!). Ela é um exemplo da luta da mulher, da conquista da mulher no século atual. O que? Você acha que feminismo é babaquice e que é coisa de quem não tem roupa pra lavar? Vem comigo, sua anta.

Como bom projeto de mulher independente (menos de chocolate e de dormir de conchinha), quando me dei conta da luta das feministas nos dias atuais, não pude deixar de fazer uma breve (bem breve mesmo!) pesquisa sobre o assunto. Minha pesquisa é pautada em dois itens: "o que já foi feito" e "o que é preciso fazer". 




Depois, na década de 60, em pleno período de ditadura militar, uma mulher chamada Romy Medeiros da Fonseca retomou o movimento feminista ao criar o Conselho Nacional de Mulheres do Brasil. Mas pra que serviu isso? Eu vos digo: Você, que não aguenta mais o seu marido arrotando, peidando e te dizendo bobagens dentro de casa, agradeça à ela. Romy é uma das principais incentivadoras do divórcio. Aquilo que pode ser considerado como uma carta de alforria da escravidão doméstica da mulher (ou do homem, nos dias de hoje). Além disso, ela gritou p

Olha amiga Marilyn, segunda a sua nossa querida Wikipedia (que eu ODEIO usar como base, mas era o que tinha para o momento), em 1928 uma linda chamada Mietta Santiago notou que a proibição ao voto feminino contrariava o artigo 70 da Constituição da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. 

Na Constituição estava assim: "São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei". Nada de "quem tem pomboca não vota". Foi então que Mietta, mineira, escritora e advogada, tomou a seguinte decisão: Impetrou, como advogada, um Mandado de Segurança e obteve uma sentença (só isso já era fato inédito) que lhe permitiu que votasse em si mesma para um mandato de deputada federal. 

Embora ela não tenha conseguido se eleger (o que seria uma puta barulheira pra época), ela atingiu um outro marco: sua ação incentivou o Partido Republicano do Rio Grande do Norte a candidatar a potiguar Luiza Alzira Soriano Teixeira, que tornou-se A PRIMEIRA MULHER A SER ELEITA PARA UM MANDATO POLÍTICO NO BRASIL. clap clap clap clap clap!ara todas as mulheres do Brasil que nós podemos SIM ter igualdade com esses machos peludos.  

Você aí, mulher ou homem, que fala que feminismo é besteira. Já pensou se você não tivesse voz? Esquece ir pra balada com vestido curto, salto 15 e muita sagacidade. Você seria linchada como prostituta, pra dizer o "menos pior". Não gosta de balada? Ok, vai lá arranjar um emprego. Opa, espera, não pode! Tem que ficar em casa lavando tudo o que seus filhos e seu marido sujam, cozinhar, passar, e quando seu marido chegar em casa, minha linda, o jantar tem que estar na mesa, quente, delicioso, e você perfumada pro excelentíssimo te dar três bombadas, gozar e dormir. E você ali, que nem pode se virar sozinha. Eu não vou nem entrar no mérito da violência doméstica, porque acredito que vocês imaginem que se nem direito a respirar direito a mulher tinha, imagina dar queixa na polícia que o marido usava a força para se impor. 



Porra Marilyn, claro que tem! Apesar da situação ter melhorado muito, ainda temos um longo caminho a percorrer. Temos a violência doméstica, que ainda é presente e forte. Maridos ainda batem em suas esposas, seja por incentivo do álcool ou de qualquer outro motivo (que não justifica qualquer tipo de agressão, seja verbal ou física). A Lei Maria da Penha ajuda - e muito! - no combate a essa opressão, mas o maior inimigo do combate à violência doméstica não é o homem: são as mulheres. É a parcela do público feminino que apanha calada, que não abre Boletim de Ocorrência, que não grita para os quatro cantos do mundo que o seu marido é um covarde. Eu entendo que a questão da vergonha pesa, bem como a questão familiar (meus filhos vão ficar sem pai? Quem vai nos sustentar?), mas as feministas já lutaram pelo nosso direito de trabalhar, de se sustentar, de ter uma voz. Por que não usufruir desse resultado, dessas conquistas?! VOCÊ PODE, SUA LINDA!

Fora isso, temos mais outros dois problemas. O segundo é o combate à discriminação no trabalho, que é na minha opinião a forma mais suja de machismo que existe. Eu vou explicar: Além daquele célebre pensamento inteligente (só que não) de que "o homem é melhor que a mulher" ou de que "aquela ali só subiu de cargo porque deu pro chefe" temos um outro tipo de preconceito. Você, mulher, que se arruma toda antes de ir pro trabalho, coloca a calça social, o sapato de salto e aquela maquiagem básica que você aprendeu em tutoriais no Youtube, tem de aguentar brincadeirinhas e suspiros e cantadas nojentas dos seus colegas de trabalho. Isso mesmo, NOJENTAS. Apesar de algumas de nós (incluindo eu) encará-las como uma brincadeira (juro que não penso assim, só finjo que penso, só pra não ter que esfregar a cara deles no asfalto) essa não é a atitude correta, porque dessa forma nós damos margem para que esses filhas das putas continuem fazendo o que fazem de melhor: serem escrotos. Essa é a forma mais implícita de machismo, porque enquanto uns enxergam uma profissional (bonita! mas profissional!) outros enxergam um pedaço de carne, te olhando como se tivessem o poder da visão de raio x. 

Homem: você que está lendo isso, por favor, é NOJENTO. Pare já.

E tem o mais polêmico de todos, que de longe é uma das grandes questões da humanidade: o aborto. A questão é a seguinte: a mulher tem direito a tirar essa vida de dentro dela? O que é a vida? Quando ela começa? O feto pertence à ela, já que está no corpo dela, ou não? Devemos chamar de bebê ou de feto? O corpo é dela, logo, a decisão é dela? Muitas perguntas e pouca solução. Eu sou a favor da mulher escolher, desde que tenha passado por acompanhamento psicológico. Parto do princípio de que o corpo é da mulher e ela faz o que ela quiser, sim. Mas EU não faria um aborto. Apenas acho que devemos respeitar a vontade da mulher, individualmente.



Agora que você, mulher esperta, já sabe de parte da luta das mulheres no Brasil, vai correr atrás do seu sucesso! Vai se provar assim como fez a francesa lá do começo do post. Estude, se esforce, mostre pra esses machos fedidos que quem RULE THE WORD são as lindinhas aqui. À Mireille, eu desejo todo o sucesso do mundo, e VAMOS SAMBAR NA CARA DA CRIMINALIDADE DE SALTO 15, SUA LINDA!


PS: Uma dica para você que quer se aprofundar no assunto sem ter cara de aula de história, eu dou uma sugestão: leia o ótimo "Como Ser Mulher", de autoria da Caitlin Moran. Segue:



Nunca houve época melhor para ser mulher. Elas podem votar, têm a pílula, estão no topo das paradas musicais, são eleitas presidentes e primeiras-ministras e não são acusadas de bruxaria e queimadas desde 1727. Entretanto, algumas perguntinhas incômodas persistem:

Os homens no fundo as odeiam?
Como elas devem chamar os próprios peitos?
Por que as calcinhas estão ficando cada vez menores?
E por que as pessoas insistem em perguntar quando elas vão ter filhos?
Em Como ser mulher, Caitlin Moran responde a essas e muitas outras perguntas que mulheres modernas no mundo todo estão se fazendo.




E é.

Um comentário:

  1. Ná, que é isso menina?
    Que post incrível! Intenso, dinâmico e delicioso de se ler.
    Agora me diga (lembrando do post anterior), o que não escreveria se tivesse retomado seu dom perdido não?
    Parabéns sua Linda! Sou super sua fã!
    Beijos

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