segunda-feira, 11 de junho de 2012

Num apartamento



"Num apartamento perdido na cidade
Alguém está tentando acreditar
Que as coisas vão melhorar
ultimamente.
A gente não consegue
Ficar indiferente
Debaixo desse céu"






Ele é pequeno, assim, do nosso tamanho (mediano, porque você é muito alto e eu muito baixa). Tem as paredes claras, não temos dinheiro para tinta, mas temos dinheiro para quadros coloridos baratos. Ele não é muito iluminado, típico paulistano. Tem um ar meio sóbrio, meio misterioso. O chão ainda não é o nosso taco, mas é um piso gelado e você vive brigando comigo pra que eu coloque o chinelo - que eu sempre esqueço. O teto também é claro, às vezes uma aranha ou outra se coloca no canto, e você morre de rir com meu desespero para que ela não caia na minha cabeça enquanto tento tirá-la (sem matá-la) da nossa casa. A sala é simples e aconchegante, com um ou outro objeto decorativo que ganhamos, você sabe que eu ainda vou decorar nossa casa inteira com utensílios da Imaginarium e de outras lojinhas similares modernex por aí. O sofá de três lugares - o único na sala - é confortável e não tem as bolinhas que eu odeio (frescura, eu sei). Nossa TV é pequena, nosso dvd é antiquado, mas nele & nela assistimos mil filmes piratas comprados na calçada do prédio. Uma mesinha de centro abriga nossos pés que, gelados, se encostam para trocar calor. Não temos tapete ainda, você morreria com tapetes peludos e não quero você longe de mim. Troco o tapete pelo seu corpo, mais confortável, quente e meu. Temos uma cortina na janela, escura, pra que você não esconda seu lindo rosto no cobertor toda vez que o sol aparece e estamos dormindo na sala. 

Nós ainda não temos mesa de jantar, apenas uma mesinha pequena na pequena cozinha. Três cadeiras: uma pra você, uma pra mim e outra pros nossos pés. Preguiçosos de carteirinha (por influência minha) temos um microondas e diversos congelados na geladeira. Nela também ficam umas cumbucas de comidas feitas por nossas respectivas mamães, que morrem de medo que morramos de fome - como se um Wooper Duplo não matasse nossa fome e alimentasse nosso amor. Na cozinha ainda existem um fogão doado por uma das suas trezentas tias, uma pequena geladeira que ficava nos fundos do meu quintal, cinco panelas novas de presente da sua mãe, copos-pratos- talheres de presente da minha. Nossa lavanderia é atrelada à cozinha, separada por uma cortina de penduricalhos (presente da minha madrinha). Até termos nossa lavadora, lavamos nossas roupas na casa da minha mãe (que tem aquela secadora ótima). 

Um armário não muito grande e uma cômoda: esse é o nosso quarto. Nos livramos (ok, eu me livrei) de boa parte das roupas para que a mudança fosse simples e confortável. A cama deixa seus pés de fora, e eu improvisei um banco retangular na beira para que seu pé não fique jogado no ar. Temos dois cobertores e dois edredons, os cobertores são meus e os edredons são seus. Seu travesseiro é mais alto que o meu - quando eu o uso. Prefiro muito mais seu peito.

O banheiro é disputado no horário da manhã: os dois querem sair logo e você demora demais pra arrumar esse seu cabelo. Dividimos o espelho e o box (mania sua de me fazer tomar banho de manhã). Escovas de dente lado a lado, representando o nosso nós. 

E o fio dental - que a gente nunca usa.



Nenhum comentário:

Postar um comentário