domingo, 30 de dezembro de 2012

2012 x 2013: a volta dos que não foram

  É muito clichê, mas todo mundo faz um levantamento de como foi o ano quando chega o réveillon (muitos professores meus diriam "Natália, você não pode falar por todo mundo!" mas é todo mundo sim, ouviram? Estou de férias, me deixem). Pensar no que foi bom (como os whoopers, as notas de dez achadas na rua, os amores e os amigos) e no que foi ruim (como as calorias dos whoopers, os donos das notas de dez correndo atrás de você, os amores mal resolvidos e os amigos filhas da puta). 
  
  Eu, como boa pseudo-filósofa, fiz um levantamento do meu 2012. Foi assim: 


TRABALHO
O trabalho era foda: eu ganharia muito mais do que eu ganhava em três empregos, sem contar a carga horária fixa, trabalhar sentada e os benefícios. Eu realmente aprendi muito sobre todos os trâmites legislativos. Entendi como funciona a comunicação entre Câmara Municipal e Prefeitura, e vi de perto o empenho e o não empenho de muitos ali (tanto vereadores quanto funcionários). Assisti de camarote a todos as jogadas políticas, as brigas, o que fazem pela amizade e o que deixam de fazer em razão dos adversários. Mas o que me deixou pasma mesmo foram as atitudes das pessoas que trabalham ali. O protecionismo, a cara de pau, e claro, o profissionalismo (de alguns, não de todos - isso serve  para as três coisas que citei). É um ambiente, como outro qualquer, cheio de personalidades diferentes. E eu, até hoje, estou aprendendo a conviver com todas elas. Não é a minha área, mas foi um ENORME aprendizado. Tanto pelos pontos bons, quanto pelos ruins. Foi bom ver e saber como funciona o processo de dentro.

AMIGOS
Neste ano eu fui a pessoa mais distante da face da Terra no que se diz aos amigos. Não marquei encontros, não apareci nos encontros marcados. Simplesmente me desliguei. Não que eu me orgulhe disso, mas amigos, foi necessário. Eu fiquei completamente esgotada, trabalho e faculdade, por Deus isso não pode ser justo com um ser humano do meu tamanho. Mas, antes de mais nada, quero dizer que mesmo não estando presente PESSOALMENTE, eu estava por meios internéticos e celulares. Eu amo vocês, e me desculpem pela ausência. I'm back, bitches.

FACULDADE
Foi onde aconteceram as maiores mudanças na minha vida. Mudei da manhã para a noite por causa do trabalho, passei a pagar minha faculdade sozinha (assim como a van), conheci pessoas novas e incríveis, fiz uma amizade incrível com um cara e uma garota que eu conhecia de manhã mas não era tão ligada assim, fiz amigas incríveis, aprendi coisas incríveis. Descobri o gosto pelo backstage, pelas câmeras, pelas reportagens. Também topei com gente babaca, mas com gente assim a gente topa em qualquer lugar. Suei para fazer trabalhos, e fiz. Tive certeza de que é com isso que eu quero trabalhar mesmo. Eu não escolhi essa profissão, ela me escolheu.

AMOR
Ô ano delícia e sofrido. Nunca discuti tanto com nego tão cabeça dura, mas ele foi apenas o meu espelho quando eu mesma também estava sendo cabeça dura. Encontrei um companheiro que me entende (ainda que brigue comigo) e que quer estar ao meu lado. Incrivelmente irritante, mas incrivelmente apaixonante. Ele fez meu ano.

FAMÍLIA
Acho que, apesar das inúmeras discussões, nunca fomos tão ligados. Nunca rimos e conversamos tanto. É aqui que eu digo o quanto eu amo minha família. Além disso, meu avô passou por um perrengue fodido (mais conhecido como câncer) e taí, lindo e vivão com os cabelos crescendo de novo. Eu fico extremamente feliz de ter ele ao meu lado, um sobrevivente. Percebi neste ano o quão valiosos são meus avós. Acredito que preciso dedicar um tempo maior a eles, e vou. 

CONQUISTAS PESSOAIS
Zero. Conquistei pouca coisa do que planejei para esse ano. Não economizei na carne, no mau humor, e na internet. Não fiz minha tatuagem, não reformei meu quarto, não me reformei pessoalmente. Esse ano foi em branco, sinceramente, e eu não estou nada feliz com isso. Não melhorei em nada, parei de escrever com frequência, e estou completamente insegura quanto a voltar para o mercado de trabalho na minha área. Um ano sem escrever profissionalmente me quebrou as pernas FEIO. Essa sou eu. Natália, 19 anos, quebrada e destituída de realizações.





  Tá legal, eu sei, FUÉN pra mim. Mas 2012 foi isso: muito perrengue para mim e para todos que estavam ao meu redor. Não sei de alguém que tenha dito que 2012 foi REALMENTE bom (fora uma vlogueira que vai ser minha inspiração para o ano seguinte, já conto o porquê). Agora, é hora daquela famosa listinha de 2013. Bora???

  Eu quero mais realização. Se for pra eu continuar no meu atual emprego, quero realizar tudo o que o dinheiro puder oferecer. Se não, eu realizo essas coisas aos poucos.
  • Pintar meu quarto;
  • Decorar o meu quarto;
  • Organizar o meu quarto (isso inclui peças de decoração);
  • Comprar uma skin pro meu notebook;
  • Fazer tatuagem(ns);
  • Comprar meu carro;
  • Comprar mais livros;
  • Ler esses livros;
  • Escrever sobre esses livros;
  • Ver mais filmes;
  • Escrever sobre esses filmes;
  • Comprar mais presentes para quem eu amo;
  • Cozinhar mais;
  • Encontrar mais vezes com os amigos;
  • Fazer mais programas diferentes com o namorado;
  • Fazer mais programas com meus pais;
  • Encontrar meus avós mais vezes;
  • Encontrar minhas primas mais vezes;
  • Chegar na faixa de 57 a 60kg com exercícios físicos e dieta controlada (minha inspiração é a vlogueira Ana Maria, do Vlog "Tá e Daí?!" que se empenhou no #ProjetoAnaGostosa - veja aqui, aqui, aqui e aqui)
  • Fazer algo pelos animais abandonados;
  • Cumprir os prazos com folga com trabalhos da faculdade;
  • Sair mais vezes de casa, sozinha;
  • Enfrentar machos nojentos com comentários idiotas no trabalho, na faculdade e na vida;
  • Guardar dinheiro e planejar uma vida.

Essa é a minha lista, e eu pretendo imprimi-la e riscar item por item do que eu for fazendo. Ano que vem eu espero ter um post mais otimista. 

Que tal mais vida para essa vida?


Até ano que vem! ;)



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Pipoca e chá gelado: As Palavras (The Words)

~ALERTA DE SPOILERS~

   Na semana passada em minha busca rotineira a algum filme que me interessasse, deparei-me com As Palavras (The Words). Como é de se esperar, sou do tipo que escolhe o filme ou por recomendação de amigos, ou após ver o trailer. NUNCA leio críticas antes de ver o filme, justamente para não me influenciar por opiniões alheias - que geralmente são contrárias às minhas.

O trailer:



   O filme estreou no dia 23 de novembro, e é narrado pelo autor do livro "As Palavras", no lançamento do mesmo, em que lê os dois primeiros capítulos sob o olhar atento de uma estudante gostosona, inteligente e misteriosa. A história é sobre o aspirante a escritor Rory Jansen, casado com Dora. Rory largou seu "emprego de verdade" para se dedicar à carreira de escritor, e passa todas as noites redigindo um romance. Após levar este romance a várias editoras e agentes, se vê sem resposta e encurralado a arranjar um emprego que pague suas contas. 

   Desestimulado e convencido de que nunca se tornará o escritor que almeja ser, acaba por conseguir um emprego em uma editora. 

   É nessa época que ele casa-se com Dora, com quem antes já vivia junto, e viaja para Paris em lua de mel. Em uma loja de antiguidades, encontra uma pasta e a leva para casa. De volta à América do Norte, ao vasculhar essa mesma pasta, encontra um manuscrito de páginas amareladas, antigo. Ao ler a história, vê ali o que tanto pretendia ser. 

   Sem pensar direito, redige a história em seu computador somente para ter a sensação de como é escrever algo do tipo. Após escrevê-la inteira, sem nenhuma alteração (incluindo erros gramaticais), fecha o computador e volta para a cama.

   Na noite seguinte, ao chegar do emprego, sua mulher está banhada em lágrimas. Ao questioná-la, ela afirma que havia lido a história (achando que o próprio Rory a havia inventado) e que aquilo era a prova de que ele havia se tornado o que tanto sonhava: um escritor de fato.

   Após muita insistência, ele leva o livro ao agente da editora em que trabalha. Meses se passaram, e Rory havia esquecido do fato, até que em um fatídico dia esse agente lhe chama a sua sala. Afirmando que essa é uma das melhores histórias que já leu, pede permissão para publicar a obra. 



   A partir daí, envolto em uma trama cheia de culpa mas ao mesmo tempo saciedade, Rory vive uma vida de sucesso com essa obra. Vai a programas de entrevistas, recebe prêmios, e todo o tipo de reconhecimento que sempre sonhou - porém, sempre lembrando-se de que todo o sucesso não aconteceu a partir de uma obra genuinamente sua.

   Até que um dia, Rory é abordado por um senhor de idade em uma praça. É quando o nosso personagem principal descobre-se frente a frente com o verdadeiro autor da história que o impulsionou ao sucesso.

   É nesse ponto que eu paro de contar a história. A trama se torna TÃO envolvente, que todo o tipo de emoção aflora de sua pele, de seus olhos. Pessoas choravam dentro da minha sessão (inclusive eu), tocadas pela profundidade do sofrimento deste senhor que o levou a escrever a história.

MORAL DO POST: Esse é, definitivamente, um dos melhores filmes que eu já vi na vida. Ao contrário do que a crítica diz (e é por isso que eu não leio as críticas), o filme não tem nada de vazio. Muito pelo contrário, é denso e profundo. Aconselho você, leitor e leitora, a correr para o cinema conferir essa história.

   E é aqui que eu coloco minha pobre imaginação para fora, dando uma de crítica da Veja e avaliando o filme não com estrelas, mas (como boa gordinha) com PIPOCA! AEEEEEEEEEEEEEEE!

AVALIAÇÃO FINAL

Três pipocas é a minha pontuação máxima. Até porque, se eu colocar cinco, eu vou começar a ter fome e nunca postaria este texto.



PROVÁVEL PRÓXIMO POST: "The Hobbit - Uma jornada inesperada"



E é.


      

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Pipoca e chá gelado: O início

Eu sou do tipo que vai no cinema quase todos os finais de semana. Você pode ter certeza que todos os filmes em cartaz (tirando os desenhos) eu já vi. Confesso, sou super incentivada pelo namorado. Foi ele que despertou em mim essa paixão pelos filmes, pela telona.



É por isso que, por mais uma sugestão dele, eu começo essa parte do blog: cinema. Como eu estou sempre por lá, pretendo falar um pouco dos filmes que vi. Do que achei e do que deixei de achar. Das partes em que eu chorei e das partes em que eu ri - ou até mesmo das que eu entediei.

O cinema sempre foi uma grande paixão. Eu, desde que aprendi a ler, sempre fui apaixonada pela parte da crítica de cinema da Vejinha (Veja São Paulo). Lia tudo com ferocidade dos olhos de quem um dia queria falar com tamanha propriedade. Adoro aquela atmosfera do cinema, de quantas pessoas ali que provavelmente nunca mais se verão na vida, sentam na mesma sala com interesse supremo no que aquela história pode acrescentar em suas vidas.

É fascinante, é mágico.

Então é isso, eu quero escrever mais, e cinema é uma coisa que me motiva (pelo menos um pouco...). Ainda estou à procura do que me motiva de fato, mas tenho um bom companheiro ao meu lado que me ajudará nessa busca (né amor?).

PS: O chá gelado é porque eu devo ser a única pessoa no mundo que toma isso no cinema, com a pipoca. Esse nome é mais uma sugestão do Namorado's Corporation.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Hoje é sobre amor

"Apaixonar-se é isso: planejar o dia inteiro o que dizer e não falar nenhuma palavra ensaiada durante o encontro. é decorar uma vida sozinha par ano fim improvisar a dois. Confessa o passado por dias sucessivos (mais do que ofereceu a qualquer pessoa antes), e nunca a conversa é suficiente para se acalmar. Desliga o telefone e já bate a vontade de ligar de novo. Trata-se de um desespero prazeroso, pois tem como partilhar os sintomas com ele. E acontece tão rápido que não dá pra preparar resumo. A felicidade é pura apreensão. Mergulha o corpo em completo desequilíbrio, como se estivesse andando num colchão. Predomina a suspeita de que ele deixará de gostar a qualquer instante, ou que descobrirá quem você realmente é e perderá o encantamento. O torpedo demora, os reencontros demoram: cada ato insignificante do cotidiano ganha o suspense de uma tragédia.

Não existe remédio. A insegurança é eterna. Quem tem certeza não ama mais"

Fabrício Carpinejar


A verdade é que a paixão é uma coisa bem simples de entender. Bate a química, você vê a pessoa com os olhos da mãe dele (ou seja, só vê as qualidades), até o ronco da pessoa é sinfonia. São milhares de risadas e descobrimentos com a pessoa, comidas, músicas cantadas em volume gritante, até que a paixão passa. E aí, José? Como proceder? 

Bom, aí temos dois caminhos: ou esse caso acaba mesmo de vez, ou ele vira uma coisa forte pra caralho que nem furacão Sandy derruba. 

Hora da paixão: Ai, olha que lindo ele dormindo! Tiraria mil fotos dele, ficaria a noite inteira assistindo-o dormir! E esse senso de humor afiadíssimo? Ah, eu morro de rir com ele! Já falei que ele é lindo? E esses carinhos que ele faz? Ah, eu me derreto toda! Que achado! Vou casar com ele! Claro que vou, ele adora sair pra tomar uma cervejinha, e me leva junto! E depois me leva pra casa dele a gente faz amor a noite inteeeeeira! E como ele é bom nisso! Adoro o jeito como ele me domina, não só na cama, mas em tudo! É inspirador, é como a fera e a presa! 

Caso final #1: Puta que pariu, que merda de barulho é esse que ele faz com a boca quando dorme? E essas piadinhas ridículas que só ele entende? Será que dá pra ele parar de bagunçar meu cabelo? Isso não é cafuné! E que cheiro é esse? É bafo de cerveja? Se esse filha da puta quiser alguma proximidade MÍNIMA comigo hoje, eu meto a mão na cara dele. Argh, que nojo. E esse jeito controlador dele? É horrível! Chega! Não aguento mais, que horror. Não consigo nem mais olhar pra cara desse infeliz.

Caso final #2: Alá, mal começou o filme e essa criatura já está dormindo. Bom, tanto faz, eu estou A-DO-RAN-DO esse filme, e depois eu tagarelo pra ele como foi - ou faço ele ver de novo, pra eu ver de novo (óbvio). Amanhã nós vamos sair com os amigos dele, e eu acho muito bom que ele tenha outras pessoas pra conversar assuntos bestas de homem - aqueles com piadas machistas etc. Eu nem ligo, porque a gente ri junto das piadas idiotas (tanto minhas quanto dele) e prova o sabor da intimidade. Adoro! Tem horas que dá vontade de bater, mas eu bato. Ah, ele se mexeu pra me abraçar agora. Será que nunca vou cansar desse toque macio e quente dele? Acredito que não - pelo menos até a próxima TPM. Até quando ele tenta fazer aqueles carinhos meio incômodos pra mim, e eu o corrijo de forma suave, ele então faz do jeito que eu gosto. Ah, isso acontece também de forma contrária, ele sempre me fala do jeito que ele gosta, e eu sempre me corrijo para agradar. São coisas simples que ajudam, acredito. Ontem ele saiu com os amigos pra jogar bola, beber cerveja e ser macho (haha). Voltou com um bafo de cerveja que me deu até tontura. Pedi pra ele escovar o dente, tomar um banho e voltar pra cama comigo. Ele fez uma ceninha daquelas típicas de "você tem que me amar até com bafo de cerveja", olhei pra cara dele e falei que não era obrigada. Depois dei risada, mordi e beijei o pescoço dele e falei pra ele ir logo, que eu estava com saudade. Claro que nem sempre termina assim. Às vezes nenhum dos dois está a fim de fazer nada, e cada um rola pro seu lado da cama na paz, sem stress. Às vezes com stress também, mas porque não?! Ninguém tem vida de comercial de margarina. Mas as coisas boas são em maior número que as ruins, e o amor a gente sente, só de olhar. Ih, o filme acabou. Deixa eu me enrolar nele aqui e dormir quentinha - até que, no começo da noite, eu o empurre cama afora.

Pra mim, é assim.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A francesa chefona e até onde as mulheres já chegaram

Hoje, em minha varreção diária nos sites de notícia me deparei com uma notícia que me engrandeceu os olhos.


Pela primeira vez, uma mulher comandará a Interpol


A nova presidente da Interpol, Mireille Ballestrazzi, discursa em assembleia da organização em Roma
Via UOL


Gente, olha que moça danada! Ela se chama Mireille Ballestrazzi, tem 58 anos e vai comandar uma das maiores organizações policiais do mundo. UMA MULHER. Vocês tem noção? É um marco, definitivamente. Comissária da Polícia desde 1975, ela já ocupou diversos cargos de diretoria na Interpol. Desde 2010 essa linda já era a segundona na organização (sem piadas com o meu Palmeiras, ok?) e agora botou tudo pra quebrar, guardou a moleca no armário, calçou o salto e vai pisar na cara da criminalidade. 

Ok,  mulheres assumindo cargos altos na direção de empresas já tornou-se normalíssimo (e isso é uma conquista enorme das nossas amigas queimadoras de sutiã!). Mas chefiar é uma coisa bem diferente! Significa que a palavra dela é a que vai reger toda uma série de ações! Todas as ocorrências, os procedimentos, TUDO terá de ser reportado a ela. 

Para quem não sabe, a Interpol atua como uma central de informações para que as polícias trabalhem no combate de crimes considerados internacionais (narcotráfico, tráfico de pessoas e contrabando). Ou seja, como eu já disse, essa organização é muito importante para todo o mundo.

Mas voltando à francesa (sim, ela é francesa!). Ela é um exemplo da luta da mulher, da conquista da mulher no século atual. O que? Você acha que feminismo é babaquice e que é coisa de quem não tem roupa pra lavar? Vem comigo, sua anta.

Como bom projeto de mulher independente (menos de chocolate e de dormir de conchinha), quando me dei conta da luta das feministas nos dias atuais, não pude deixar de fazer uma breve (bem breve mesmo!) pesquisa sobre o assunto. Minha pesquisa é pautada em dois itens: "o que já foi feito" e "o que é preciso fazer". 




Depois, na década de 60, em pleno período de ditadura militar, uma mulher chamada Romy Medeiros da Fonseca retomou o movimento feminista ao criar o Conselho Nacional de Mulheres do Brasil. Mas pra que serviu isso? Eu vos digo: Você, que não aguenta mais o seu marido arrotando, peidando e te dizendo bobagens dentro de casa, agradeça à ela. Romy é uma das principais incentivadoras do divórcio. Aquilo que pode ser considerado como uma carta de alforria da escravidão doméstica da mulher (ou do homem, nos dias de hoje). Além disso, ela gritou p

Olha amiga Marilyn, segunda a sua nossa querida Wikipedia (que eu ODEIO usar como base, mas era o que tinha para o momento), em 1928 uma linda chamada Mietta Santiago notou que a proibição ao voto feminino contrariava o artigo 70 da Constituição da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. 

Na Constituição estava assim: "São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei". Nada de "quem tem pomboca não vota". Foi então que Mietta, mineira, escritora e advogada, tomou a seguinte decisão: Impetrou, como advogada, um Mandado de Segurança e obteve uma sentença (só isso já era fato inédito) que lhe permitiu que votasse em si mesma para um mandato de deputada federal. 

Embora ela não tenha conseguido se eleger (o que seria uma puta barulheira pra época), ela atingiu um outro marco: sua ação incentivou o Partido Republicano do Rio Grande do Norte a candidatar a potiguar Luiza Alzira Soriano Teixeira, que tornou-se A PRIMEIRA MULHER A SER ELEITA PARA UM MANDATO POLÍTICO NO BRASIL. clap clap clap clap clap!ara todas as mulheres do Brasil que nós podemos SIM ter igualdade com esses machos peludos.  

Você aí, mulher ou homem, que fala que feminismo é besteira. Já pensou se você não tivesse voz? Esquece ir pra balada com vestido curto, salto 15 e muita sagacidade. Você seria linchada como prostituta, pra dizer o "menos pior". Não gosta de balada? Ok, vai lá arranjar um emprego. Opa, espera, não pode! Tem que ficar em casa lavando tudo o que seus filhos e seu marido sujam, cozinhar, passar, e quando seu marido chegar em casa, minha linda, o jantar tem que estar na mesa, quente, delicioso, e você perfumada pro excelentíssimo te dar três bombadas, gozar e dormir. E você ali, que nem pode se virar sozinha. Eu não vou nem entrar no mérito da violência doméstica, porque acredito que vocês imaginem que se nem direito a respirar direito a mulher tinha, imagina dar queixa na polícia que o marido usava a força para se impor. 



Porra Marilyn, claro que tem! Apesar da situação ter melhorado muito, ainda temos um longo caminho a percorrer. Temos a violência doméstica, que ainda é presente e forte. Maridos ainda batem em suas esposas, seja por incentivo do álcool ou de qualquer outro motivo (que não justifica qualquer tipo de agressão, seja verbal ou física). A Lei Maria da Penha ajuda - e muito! - no combate a essa opressão, mas o maior inimigo do combate à violência doméstica não é o homem: são as mulheres. É a parcela do público feminino que apanha calada, que não abre Boletim de Ocorrência, que não grita para os quatro cantos do mundo que o seu marido é um covarde. Eu entendo que a questão da vergonha pesa, bem como a questão familiar (meus filhos vão ficar sem pai? Quem vai nos sustentar?), mas as feministas já lutaram pelo nosso direito de trabalhar, de se sustentar, de ter uma voz. Por que não usufruir desse resultado, dessas conquistas?! VOCÊ PODE, SUA LINDA!

Fora isso, temos mais outros dois problemas. O segundo é o combate à discriminação no trabalho, que é na minha opinião a forma mais suja de machismo que existe. Eu vou explicar: Além daquele célebre pensamento inteligente (só que não) de que "o homem é melhor que a mulher" ou de que "aquela ali só subiu de cargo porque deu pro chefe" temos um outro tipo de preconceito. Você, mulher, que se arruma toda antes de ir pro trabalho, coloca a calça social, o sapato de salto e aquela maquiagem básica que você aprendeu em tutoriais no Youtube, tem de aguentar brincadeirinhas e suspiros e cantadas nojentas dos seus colegas de trabalho. Isso mesmo, NOJENTAS. Apesar de algumas de nós (incluindo eu) encará-las como uma brincadeira (juro que não penso assim, só finjo que penso, só pra não ter que esfregar a cara deles no asfalto) essa não é a atitude correta, porque dessa forma nós damos margem para que esses filhas das putas continuem fazendo o que fazem de melhor: serem escrotos. Essa é a forma mais implícita de machismo, porque enquanto uns enxergam uma profissional (bonita! mas profissional!) outros enxergam um pedaço de carne, te olhando como se tivessem o poder da visão de raio x. 

Homem: você que está lendo isso, por favor, é NOJENTO. Pare já.

E tem o mais polêmico de todos, que de longe é uma das grandes questões da humanidade: o aborto. A questão é a seguinte: a mulher tem direito a tirar essa vida de dentro dela? O que é a vida? Quando ela começa? O feto pertence à ela, já que está no corpo dela, ou não? Devemos chamar de bebê ou de feto? O corpo é dela, logo, a decisão é dela? Muitas perguntas e pouca solução. Eu sou a favor da mulher escolher, desde que tenha passado por acompanhamento psicológico. Parto do princípio de que o corpo é da mulher e ela faz o que ela quiser, sim. Mas EU não faria um aborto. Apenas acho que devemos respeitar a vontade da mulher, individualmente.



Agora que você, mulher esperta, já sabe de parte da luta das mulheres no Brasil, vai correr atrás do seu sucesso! Vai se provar assim como fez a francesa lá do começo do post. Estude, se esforce, mostre pra esses machos fedidos que quem RULE THE WORD são as lindinhas aqui. À Mireille, eu desejo todo o sucesso do mundo, e VAMOS SAMBAR NA CARA DA CRIMINALIDADE DE SALTO 15, SUA LINDA!


PS: Uma dica para você que quer se aprofundar no assunto sem ter cara de aula de história, eu dou uma sugestão: leia o ótimo "Como Ser Mulher", de autoria da Caitlin Moran. Segue:



Nunca houve época melhor para ser mulher. Elas podem votar, têm a pílula, estão no topo das paradas musicais, são eleitas presidentes e primeiras-ministras e não são acusadas de bruxaria e queimadas desde 1727. Entretanto, algumas perguntinhas incômodas persistem:

Os homens no fundo as odeiam?
Como elas devem chamar os próprios peitos?
Por que as calcinhas estão ficando cada vez menores?
E por que as pessoas insistem em perguntar quando elas vão ter filhos?
Em Como ser mulher, Caitlin Moran responde a essas e muitas outras perguntas que mulheres modernas no mundo todo estão se fazendo.




E é.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Quem escondeu meu dom?

Eu perdi a habilidade de escrever. E não que isso seja alarmante, isso é mais que alarmante, é desesperador.

Eu, achando que nasci pra essa bagaça, me sinto mais perdida que Zezé de Camargo sem Luciano.

Eu, que sempre sonhei em trabalhar em revistas, escrever livros, escrever asneiras, emburreci.

Não sei o porquê, só sei que a desmotivação chegou sem bater na porta, sentou no meu sofá, abriu minha cerveja e está lá, com os pés de unhas malfeitas estirados na minha mesinha de centro.



Eu tinha um plano de vida, ou pelo menos um norte, uma direção "marromeno". Agora o que eu tenho é uma coisa chamada insegurança. Quem vou ser, se vou ser, pra quê vou ser.

A verdade é que eu desaprendi a jornalistar.

Desaprendi a dar a notícia, a correr atrás de fontes, desaprendi. Quer dizer, eu sei - só não quero. Vontade de chegar em casa e dormir é muito maior do que tudo.

EU AMO ESCREVER. Essa é uma verdade, e eu estou profundamente desesperada por não saber mais soltar as palavras. Preciso escrever e pensar mais sobre a vida e menos sobre trâmites políticos.

Preciso de ar, preciso de uma canga cheia de letras estirada na minha praia revolta.

Onde vende?


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Eu li - Cinquenta Tons


— Eu sabia que você era inexperiente, mas virgem? (...) Vamos resolver esse problema agora mesmo. (...) Você é uma garota corajosa. Estou impressionado.
As palavras parecem um dispositivo incendiário. Meu sangue arde. Ele se abaixa e beija minha boca delicadamente, depois chupa meu lábio inferior.
— Quero morder esse lábio. — murmura junto da minha boca, e a puxa cuidadosamente com os dentes. Dou um gemido e ele sorri (...).
— Fique quieta — murmura ele, e aí se abaixa e vai me beijando, subindo pela parte interna da coxa, continuando por sobre o fino tecido rendado da calcinha. Ah, não consigo ficar parada. Como posso não me mexer? Contorço-me embaixo dele (...). Ele vai beijando a minha barriga, e enfia a língua em meu umbigo. Continua subindo, beijando meu torso. Minha pele arde. Estou afogueada, com muito calor, muito frio, agarrada ao lençol embaixo de mim. Ele se deita a meu lado, e sua mão vai passeando pelo meu quadril, pela cintura e subindo até meu peito (...).

Sinceramente, eu acendi que nem fogueira quando li esse livro (e esse trecho não é nada perto do resto). É tanto envolvimento, tanto fogo, tesão, obsessão... E amor.
Eu me pergunto: Por que merdas tem MUITA gente que não gostou desse livro/dessa série?
Já ouvi que é por ser uma fanfic (de crepúsculo), por ser de uma escrita simples (muitos acharam ruim mesmo)..................................................... WHO CARES YOUR MOTHERF***ERS???

A história é MEGA envolvente, e eu já disse no post anterior que me identifiquei com a Anastasia. Ô mulher pra sofrer na mão de homem temperamental (e amá-lo ao mesmo tempo). 

Acontece que quase toda crítica negativa que eu ouvi (a maioria mesmo) veio de gente que: a) não leu o livro; b) não leu o livro inteiro. Como vocês querem analisar uma história que vocês não leram por inteiro? A escrita é simples? É. Mas eu não sei em qual mandamento Jesus escreveu que "pra ser bom tem que fazer a pessoa ler com o dicionário ao lado". A história é MEGA envolvente, MEGA viciante e é pra deixar muita mulher novinha/madura MOLHADA. Não, eu não tenho medo dessa palavra. É simplesmente esse o efeito do livro: ele faz com que você se contorça com cada cena de sexo (mesmo que elas sejam repetitivas na maioria das vezes).

É isso, a história é foda. Agora guess what: VAI TER FILME MULHERADAAAAAAAAAA! CHRISTIAN GREY será um cara de verdade pra gente sonhar! TODAS APLAUDE COM GRITINHO.

Até agora temos o nome da roteirista: Kelly Marcel. Essa linda vai tornar nosso vício uma realidade, dessas que a gente vai partir o dvd do filme ao meio de tanto assistir.

Essa é ela.




O elenco infelizmente ainda não foi escolhido, e apesar de eu já ter lido os três (mesmo que o terceiro só vá sair em novembro - essas tradutoras online lindas) eu estou SUPER ansiosa pra ver o filme. Os homens vão se sentir constrangidos com o olhar das mulheres pra telona, pode apostar.

Toda fã de Fifty Shades já tem um elenco pré-escolhido na mente. O meu é esse:



Christian Grey pra mim pode ser qualquer um desses dois. O Ian (à direita) tem aquela cara de homem-menino-gostoso-traumatizado, traduzindo bem o Grey. PORÉM, como uma amiga minha falou, ele tem muita cara de MENINO, e o Grey é HOMÃO. É aí, minhazamiga, que entra o MATT BOMER (à esquerda). JESUS É ELE. Não, não Jesus, que isso seria pecado. É o Grey! O problema é que eu só achei fotos dele com cara de bonzinho (como essa acima) e Grey é mau, muito mau. Mas aposto na capacidade dele de "traduzir" o personagem.



Anastasia Steele é ela, e ponto. Essa é a Lucy Hale, e eu só fui conhecer essa atriz em um fan-made e eis que surge: ela é perfeita. Cara de menininha virgem, grandes olhos azuis, pele pálida, boca LINDA, cabelos negros e marromeno longos. É ela, se me vierem com outra eu.... Assisto do mesmo jeito, mas espumando de raiva!

O resto pra mim não interessa muito, esses são os principais. E cá estou eu, esperando ansiosamente pelo lançamento dos livros para comprá-los em papel (eu já li os três virtualmente, mas nada como o papel nas mãos) e pelo lançamento do elenco e filme. 

Eu sou mais uma apaixonada por 50 shades.

E você minha amiga, já leu?!

Se quiser, deixe suas impressões abaixo. Expectativas, críticas, elogios, ansiedades. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cinquenta tons de W.

Na noite de ontem eu terminei a leitura de dois livros da trilogia "Cinquenta Tons". Li o primeiro (Cinquenta Tons de Cinza) e o segundo (Cinquenta Tons Mais Escuros). Eu estou perdidamente apaixonada por essa trilogia e mal posso esperar pelo início das vendas de "Cinquenta Tons de Liberdade".



Pra você que não sabe do que eu estou falando, essa história é em torno de Anastácia Steele e Christian Grey. Ana é recém formada na faculdade de literatura. Quando ainda estava terminando os estudos, suas colega de apartamento, Kate, fica doente e pede que Ana vá a uma entrevista IMPERDÍVEL (nós jornalistas sabemos como é) com o jovem ricaço Christian Grey, dono de uma fortuna inimaginável por nós seres humanos. Ana é atrapalhada (just like me) e vai só porque sua amiga pediu. Resumindo a história: ela vai, conhece o Christian, não para de pensar nele, ele é sedutor e misterioso e LINDO DE MORRER. Ele vai atrás dela. Ele a convence a tomar um café da manhã. Eles tomam o café e se beijam eroticamente no elevador. Daí pra frente eles passam a se encontrar mais, ela conhece segredos dele (BDSM galera, coisa pesada) e aos poucos suas arestas se acertam. Eles se amam pra caralho e no final do segundo livro ele a pede em casamento - o que pra Christian Grey é um ato assim PROVA DE AMOR MESMO.

Após ficar fascinada com essa coisa de cinquenta tons e etc eu começo a querer entender porque me sinto tão conectada e viciada nesse livro. É simples: eu tenho um cinquenta tons bem na minha frente. Tirando a parte de BDSM, lógico, porque não gosto de sentir dor nem por prazer.

É, meu doce cinquenta tons.

Misterioso. Tem coisa que ele não conta, que prefere não contar. Eu respeito isso, individualidade eu respeito. Bipolar. A mudança de humor dele é drástica. Um dia ele está na dele, completamente avulso a tudo o que acontece a sua volta, e no dia seguinte ele acorda romantiquéeeeeeeeeerrimo e cheio de agrados e palavras doces. Meu cinquenta tons.

Ele não tem o dinheiro, os helicópteros, os Audis e as propriedades do Grey, é claro. Mas ele tem algo especial nos olhos dele que pra mim arrebata qualquer uma dessas porcarias.

Nós completamos um ano, e ainda não temos todas as arestas acertadas. Estamos a caminho, e cada dia mais a gente se entende com um olhar.

Ainda tenho minhas dúvidas quanto ao futuro, assim como a Anastácia. Ela, pelo menos, já chegou em um ponto que eu acho que não chego. No entanto, quem vai discutir com o amor? Com o amor que te dá vontade de sair correndo pra longe e chorar escandalosas lágrimas salgadas? Com o amor que te faz olhar que nem uma idiota pra ele à procura do entendimento: o que há nele de tão viciante?

Eu, que toda a minha vida fui a "Ama", hoje sou a "submissa".

Call me Anastácia Steele.

Jornalistando: editando uma reportagem

Eu de fato pressenti que isso tinha a ver comigo. Longe das câmeras, ali, na ilha de edição. Eu, o editor de imagem e o material. Só. Esse é o meu sonho de consumo.



Na última terça feira, mais conhecida como terrível 11 de setembro, meus aviões se chocaram com os prédios da edição. Não, eu não tenho avisões de verdade, mas você entendeu a metáfora né? Foi foda. Foi destruidor, inspirador, orgasmático. Meus olhos brilhavam pelo resultado final, minha boca ditava ao editor de imagem o que ia e em qual lugar. Dê o poder para uma mulher uma única vez para você ver o resultado...

A reportagem era sobre o ENADE, o exame que as universidades realizam vez por outra pra fingir que se importam com o resultado. Meu repórter era ótimo, meu cinegrafista também, minha pauteira nem se fala. O resto do grupo não tinha muito como encaixar na equipe, mas eles colaboraram com dicas e sugetões. Meus pitaqueiros <3.

Não me importei de ficar das 19h30 até as 22h20 na ilha, ah mas não me importei mesmo. Foi delicioso, apetitoso. Todas aquelas imagens sendo transpostas para onde eu achava melhor! Isso é vida minha gente! GIRL POWER!

Mas, nas palavras do Mestre Raul (o Araújo, meu professor, não o Seixas), é preciso experiência pra trabalhar nesse posto (geralmente). Eu topo ser pauteira, eu topo ter mil ideias mirabolantes para reportagens e materias se eu puder ser editora de texto um dia. 

Puta merda, que delícia não estar segurando um microfone, olhando para uma câmera.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Arrumei minhas malas e fui

Eu simplesmente não aguentava a pressão . Era muita informação para a minha cabeça, e dos dois lados. E o pior: eu não tinha escapatória. Não tinha um porto seguro a quem recorrer. Eu sou do tipo de mulher que padece em meio à pressão. Que fica nervosa, treme, chora, se descabela e se arranha. Eu faço parte do time que sente, que não disfarça, e quando disfarça, dói triplicado.

Por doer tanto assim, eu decidi fazer as malas e ir. Ir para longe de todos esses problemas e recomeçar uma vida, completamente livre das pessoas e erros do passado. Fui para a Inglaterra com uma mala cheia de roupas e coragem. Passei os apuros típicos no aeroporto, respirei o ar londrino como se fosse uma droga. Ali era o meu lugar.


As pessoas que eu conheci, os lugares que frequentei... Tudo era diferente. Ao mesmo tempo em que ninguém me conhecia, ninguém me criticava (justamente por esse motivo). Eu já não chorava mais, andava mais leve, cheia de casacos e sonhos. Pratiquei meu amado inglês, escrevi para uma agência de comunicação, vivi. Eu havia cansado daquela sujeira toda, daquela mentira, daquela falsidade, daquela secura típica de um mar morto. Eu queria viver, respirar, ser feliz. Todos tinham o direito de ser feliz, não é mesmo? Eu fui buscar o meu.

Passei a noite em pubs londrinos, conheci mulheres estilosas e inteligentes de sotaque maravilhoso. Conheci brasileiros, americanos, franceses e italianos. Gente de todo o tipo, música de todo o tipo. Li livros em inglês, e entendi. Trabalhei, ganhei dinheiro, fiz minha vida. E voltei.

Quando voltei você estava mais lindo do que nunca, com seu cabelo bem cortado e a barba por fazer. Você estava com um blazer que te fazia importante, mas eu sabia que aquela camisa xadrez ainda estava no armário. Eu vi você de longe, em um café na Paulista. Você estava longe, mas eu sentia seu cheiro em meio a todas as mesas ali. É o cheiro que eu senti falta quando me fui. Você estava apressado, como sempre, devia fazer algo importante a seguir. Deu as últimas mastigadas e bebeu o último gole do suco de laranja. Pegou sua pasta e saiu rápido, olhando o relógio. Eu suspirei.

E torci pra te ver ali de novo algum outro dia, e quem sabe um dia ouvir sua voz ao acordar, de novo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O que eu vejo em nós

Eu amo você, não me leve a mal. Mas estou com medo, muito medo. Talvez pelo tanto de briguinhas, bestas ou não, que tivemos nos últimos tempos, desde que você veio para mais perto. Me bateu um medo de tudo desmoronar, justamente por estarmos mais perto um do outro, convivendo com defeitos, manias, manhas e gênios. Me bateu um medo de repente de você se encher do meu mau humor, da minha melosidade, da minha impulsividade, e arrumar as malas e ir. Ir pra longe de mim. I'm not afraid to say that I die without you.

Então você começou um novo emprego, com mais responsabilidades e pompa. São tantos problemas, tantas coisas que precisam ser resolvidas que sua cabeça não está mais aqui comigo. Ela está lá, dentre todo aquele planejamento de mídia. O motivo da minha inconstância e emotividade triplicada é esse: você não está aqui. E quando está, em algumas raras vezes, é como se eu provasse uma droga e ela fosse arrancada da minha mão. Minha droga é o seu sorriso, é você me fazendo cócegas ou nossas lutinhas, é o seu beijo apaixonado, o seu abraço e o seu olhar de amor. Aquele olhar que enxerga o fundo da minha alma. Aquele olhar que me faz acreditar que eu sou a mulher da sua vida.

Eu tenho olhado pra você, e sua fisionomia mudou. O seu olhar também, hoje ele é vago quando antes era intenso. Sei que todos temos problemas, financeiros e pessoais, mas presta atenção: eu quero ser a solução. É difícil sofrer as consequências do seu dia pesado no trabalho, e eu tenho me policiado pra aguentar (vou continuar aguentando por você, não importa se vai me dizer pra parar). Porque não me interessa o quanto você se estressou no trabalho: eu só quero ser seu porto seguro. Eu quero ser pra você uma escapatória. Uma escapatória de piadas bestas, melosidade, cócegas e mordidas (leves, por favor).

Eu entendo essa sua nova fase, e acredite quando digo que vou estar ao seu lado. Mas não posso prometer que nada está acontecendo, que nada me muda, que nada me atinge. Não consigo criar um ninho de normalidade todos os dias aqui pra você (acredite, eu tento todo dia - e tem dia que eu consigo). Eu deixo esse ninho desmoronar toda vez que eu não aguento a pressão (quando eu viro pro outro lado do colchão e choro baixinho). E quando eu choro do outro lado do colchão baixinho eu quero que você me abrace. Só isso. Pode ser só uns 10 minutinhos ou uma noite inteira e passa. Quando eu desmorono, gato, eu só quero seu calor.

Essa sou eu me expressando da maneira que eu sei: escrevendo.
Essa sou eu explicando como estou agora.
Essa é a dica que eu estou dando para que você me aguente nessa fase louca.

Sua baixinha te ama.



terça-feira, 24 de julho de 2012

O mundo é dos semi-gordos


Você senta em uma mesa na frente de uma fatia de bolo de prestígio e uma taça de salada de frutas. Se você é aquela pessoa que escolhe a salada de frutas só porque tem menos calorias, eu tenho uma notícia: você é chato.



Nós, semi-gordos, acreditamos piamente que a felicidade está nos prazeres da vida. Uma tarde na internet, uma tarde no motel, uma tarde no restaurante por quilo, uma tarde de ócio. Nós gostamos de viver assim. Acreditamos que você, que é neurótico por calorias, balanças e por um estilo de vida inalcançável, está sofrendo por nada. 

Antes que você diga que pessoas saudáveis vivem mais, eu tenho outra notícia, ou melhor, tenho um exemplo vivo e próximo. Havia uma mulher que era uma conhecida aqui na minha cidade por sua simpatia, por se arrumar pra caramba pra ir nos lugares (camisa branca-batom vermelho-bota preta), e por sua inteligência. Ela era saudável, vegetariana, praticava exercícios, enfim, vida "correta". Não sei ao certo quantos anos tinha, se era quarenta ou cinquenta, só sei que de uma hora pra outra ela foi internada, e semanas depois morreu, vítima de AVC. Ué, mas ela não era toda regradinha? Não vivia super saudável? Vivia. Mas morreu assim, de uma hora pra outra.

Quero deixar bem claro que não estou dizendo que não adianta viver uma vida saudável. Você vai ter mais fôlego, mais pique, mais qualidade de vida? Vai. Se o cara se entope de comer coisas gordurosas e carregadas de açúcar o cara provavelmente vai ter suas artérias entupidas e vai sofrer um infarte? Vai. Meu ponto é: você pode morrer daqui a dez minutinhos, meu chapa. E aí, tá curtindo sua vida saudável? Tá curtindo sua vida cheia de suplementos e calças leggings?  

Se estiver curtindo, ótimo! Claro que existem as pessoas felizes com horas de academia, exercícios e todas as coisas naturebas, e essas sim são felizes por viver do jeito que GOSTAM. Sério, vivemos em média até os oitenta, noventa anos... Você quer passar a sua vida todinha fazendo algo só porque a sociedade, a mídia e toda essa caralhada te impõe? Uma barriga lisa/tanquinho, coxas duras feito pedra, peitos grandes/definidos, piercing nos mamilos, tatuagem de dragão na coxa/costas/braço sem razão aparente, biquini fio dental/sunga branca, chá verde, açaí com granola... Esse estilo de vida, pra quem não GOSTA de fato, é inalcançável. 

Você vai chegar aos noventa, deitado numa cama de hospital à beira da morte, e vai pensar: eu aproveitei a minha vida? Fiz todas as coisas de que gosto? Não abdiquei de (quase) nenhum prazer para ser feliz?



E aí, você é feliz do jeito que está?

terça-feira, 17 de julho de 2012

O medo do (in)existente

Até a mais incrédula das pessoas sente medo. Humanos sentem medo, bichos sentem medo.

Mas o que nos faz ter medo? Qual o motivo de termos medo?

Lana você é desprovida de medo.

Vi ou li em algum lugar, não lembro quando (ah, a exatidão jornalística), que o ser humano teme em primeiro lugar pela vida. É o tal instinto de sobrevivência, aquele que nos faz chorar quando nascemos. É aquele que faz do suicídio o último recurso de uma pessoa para a resolução dos seus problemas. Aliás, o suicida é um cara muito corajoso (o que não tira o rótulo de "estupidez" de sua ação). O suicida vai contra todos os seus instintos de sobrevivência, contra todos os graus de medo usuais e vira-se para um outro medo: o da própria vida. Esse cara não teme mais PELA vida, ele teme A vida.

Mulher é bicho medroso, não é? Barata, borboleta, garoa pós-chapinha, vestido que não fecha... São infinitos. Acredito que esses medos todos (julgados tolos pelos homens) surgiram justamente por causa deles, numa passagem em algum lugar da história. Segundo meus arquivos infundados milimetricamente organizados em ordem de aroma, uma família de um daqueles séculos em que a mulher andava com saiona rodada era infeliz. O cara se sentia menos masculinizado porque a mulher dele estava ficando foda! Costurava, criava os filhos, fazia o jantar, mantinha roupas e casa lindas e limpas, tudo um brinco. E ainda tinha disposição pra fazer o que ele quisesse na cama! De cabo a rabo, literalmente. Aí a mulher, coisa linda criada por Deus, que faz caminhada toda manhã no calçadão de Copacabana com as vestes adequadas, resolve adotar uma atitude: vou levantar o pau a moral desse cara. Ela vê uma barata no canto da cozinha, e nela uma possibilidade. Dá uma piscada pra barata, se desculpa (tadinha, alguém vai ter que sofrer pro homem não morrê), respira fundo, abre a boca e solta: "AAAAAAAAAAAAAAAH UMA BARATAAAAAAAAA QUE NOJOOOOOOOOOO!". A barata, com cara de espanto, acha que a mulher tá usando ópio. Mas não, a mulher usa uma droga diferente e mais forte até hoje: o amor. O macho escuta lá da sala, vem correndo com o chinelo de pano xadrez, olha pra mulher e diz "se afasta". Chinelada, chinelada, chinelada, gosma verde, reflexo involuntário da pata da barata, chinelada. Ali está o cadáver do inseto (?) que foi sacrificado para que o homem possa voltar a coçar o saco dentro de casa.

Sendo linda e deixando o homem matar uzbichotudo.

Fala pra mim, se mulher abrisse pote de azeitona, matasse barata e aranha, soubesse mecânica e hidráulica... Pra que raios serviria um homem se não pra nos paparicar, gozar e multiplicar? Ah sim, na época o cara também financiava a casa.

Hoje os medos mudaram. A mulher tem medo de bicho que voa, bicho que rasteja, bicho que tem antena, vestido preferido amassado, óculos quebrado, contas chegando, dinheiro saindo, criança que briga na escola, criança que não quer tomar banho, marido que não quer tomar banho, chefe insuportável, amiga falsa, etc etc etc etc etc. Mulher quer ser moderna? Vai aprender a ter medo moderno também.

Eu tenho medo do escuro. E medo mesmo, pavor. Daqueles de sair correndo pela casa acendendo luzes e olhando de rabo de olho para trás, com medo de um ser qualquer vir atrás de mim e ~pegael~. Isso tem um agravante: eu sofro de paralisia do sono.

Pelo que pesquisei no Tio Google, essa paralisia é um "error" do cérebro quando estamos na linha do real x sonho. Nele, você quase "acorda". Tem a impressão de que abre os olhos, respira, mas não consegue se mexer. NADA, VOCÊ NÃO CONSEGUE MEXER NADA! Você abre os olhos e se depara com o seu quarto, na mesma linha de visão que você enxergaria caso acordasse de verdade. E você não consegue mexer nada, mãos, corpo, cabeça, nada. Aí um aperto forte no peito surge, e você entra em desespero. Até que acorda de verdade, e respira aliviado por poder mexer os membros novamente. Algumas pessoas chegam a ver pessoas ou qualquer coisa que os assuste. Isso nunca aconteceu comigo E EU NÃO QUERO QUE ACONTEÇA OUVIU MENTE LINDA? NÃO QUERO, FICASSIM DO JEITO QUE A GENTE ESTÁ.

Vocês conhecem a história da coruja na janela? Conheçam. 

Meu medo do escuro é horrível, pareço uma criança. Mas qual o problema em ter medo de ser criança, certo? Odeio escuro apenas quando não estou dormindo com alguém. Namorado, mãe, amiga. Isso é irônico, porque um dos meus grandes sonhos da vida era morar sozinha... E não posso, eu enlouqueceria.

Mas ó, macharada de plantão: homem também tem medo, beleza? Homem teme que a mulher o chifre, tem medo que a grana não pague as contas, tem medo que os amigos o achem bicha, tem medo que alguém assalte sua família, tem medo que o pau não suba, tem medo que o pau não desça nunca mais... A lista tem muitos itens que ficam incompletos pois não sou macho.


Medo é normal! É um saco, é horrível, e nos lembra o quanto nós, humanos, somos insignificantes. Mas lembra também que somos humanos, de carne e osso. Nos faz dar valor à vida!

E claro, faz com que os homens matem as baratas que nos dão medo. (L)

Mas continuo com medo de escuro, de filmes com espíritos, de filmes com exorcismo e de adrenalina.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Em meio a cigarros e cerveja, um amor.

Está quase me caindo uma ficha. 

No começo eu não pensei que fosse tão grave, but things are getting worse. A ideia de que se tem algo o qual a cura atinge uma porcentagem bem menor do que nos filmes é, no mínimo, desconfortante. Ainda mais em grau de metástase. Mas WHAT A FUCK, Natália, que merdas você tem?

Eu não, meu avô. 

Não me lembro da primeira vez em que o vi, nem de suas primeiras palavras pra mim. Lembro que acordava às quatro da manhã meio de mau humor e ia fumar no quintal, vendo o dia clarear em Itanhaém, São Paulo. Minha vó acordava por volta das seis e lhe fazia café. Ele ia até sua poltrona preta, em frente a televisão, e acendia outro cigarro. Enquanto ele lia um livro, ela tomava o café da manhã quieta. Mas não pensem que eles não conversavam, eles conversavam e bem... Até que ele ia para o bar.

O bar ficava na rua ao lado, e ali ele jogava dominó e bebia cerveja, cachaça e o que mais viesse. Tudo isso em companhia de amigos igualmente fumões, beberrões e escandalosões. Todos mais ou menos da mesma idade, com margem de erro de uns cinco, sete anos no máximo. Lembro da face de um em específico. Barrigudo, tetudo, mas com olhos verdes. Esse cara devia ser bem bonito quando não era um cara de bar. Meu avô era cara de bar, mas magro e moreno. Eu ia ao bar de vez em quando, meu avô me deixava pegar uma bolacha e eu pensava "nossa que legal, o cara do bar deixa eu pegar bolacha de graça e nem faz meu avô pagar!". Ah, a infância...

Enquanto isso minha vó começava a rotina de lavar, passar, limpar e cozinhar pro chefe de família. Eu não ficava muito com ela, curtia brincar e me sujar na rua de areia (isso, areia! Thats beach baby!). Mas ela sempre se dedicou muito por mim, pelo meu avô e por qualquer um que ia a sua casa. Mulher incrível essa, de sabedoria incrível. 

Bom, meio dia chegava e meu avô chegava também. Com um humor melhorzinho, brincalhão, e com pouca fome - mas querendo comer. A mesa já estava servida, e almoçávamos enquanto o Globo Esporte gritava na televisão. Meu avô terminava o almoço, terminava de assistir ao Globo Esporte e ia dormir. Dormia até as três da tarde. Então se levantava um pouco recuperado do álcool. Acendia um cigarro e... Voltava pro bar. Às vezes ele ficava em casa, e me lembro de quando andava de bicicleta na casa da minha avó, que é cercada por um corredor, e ele sentado em um dos cantos - fumando. Vou colocar uma estrelinha aqui porque essa parte vai mostrar no final pra você, leitor, que meu avô me ensinou uma das coisas mais fodas da vida em uma frase. (*****)

A parte da tarde é um replay da manhã. Eu brincando na rua, minha avó limpando, e meu avô bebendo. Minha avó me grita pra entrar umas seis da tarde. Tomo banho, café da tarde, jantar... E meu avô chega umas oito. Acho bêbado uma palavra tão feia... Mas é, ele voltava bêbado. 

Dificilmente o via falando muito enrolado, e nunca o vi dar um vexame. Quer dizer, não lembro de nenhum vexame. Acontece que eu sabia exatamente quando ele estava bêbado: era quando ele estava extremamente brincalhão e de bom humor. Eu adorava né, pô, avô bacanão e eu adorava. Ele dormia cedo, nove no máximo. Eu ia para a cama e escutava minha avó contar as mil histórias de sua mocidade e sua luta na vida difícil. Rezávamos, e eu dormia.

Os dias se seguiam assim, sem mudar nada. Vez ou outra meu avô e minha avó iam ao Centro para pagar contas, fazer compras, etc. 

Mas meu Deus, Natália, seu avô era alcoólatra! 

Sim. E é o alcoólatra que eu mais amo na vida. Essa vida regada a cerveja, pinga e cigarro não tiram da minha cabeça o cara incrível que ele é. Ele é e sempre será o amor da minha vida.

 (***************) HORA DAS ESTRELINHAS (**********)
Andando de bicicleta na casa da minha avó eu era radical. Porra, eu era um moleque! Corria, me ralava. Até que, no dia citado lá no meio do texto, eu caí numa curva. Cai legal, eu pra um lado e bicicleta pro outro: assustei. Meu avô deu uma tragada, olhou pra mim, deu um sorriso e disse: "Levanta e continua, ué". Coisa mais simples da vida, a lágrima do olho voltou. Eu peguei a bicicleta e continuei meu trajeto. PORRA NATALIA, QUE APRENDIZADO FODA É ESSE? Ah, vai dizer que você não sacou o clichê? Você pode levar quantos tombos quiser, feios e leves, o negócio é o seguinte, my dear: levanta e continua, ué.

Neste ano meu avô foi diagnosticado com câncer. Em metástase. Isso quer dizer que essa porra tá toda espalhada dentro do amor da minha vida. 

Sinceramente? Essa ficha me caiu agora, enquanto escrevia esse texto. Ele é magro, fraco (vô, a sua alma pode ser forte, e é, mas teu corpo tá fraco). Qualquer febre ou complicação pode ser fatal. E eu estou morrendo de medo. Meu vô faz parte de mim, faz parte do que eu sou, faz parte do que eu quero ser. Ele é inteligente, trabalhou pra caralho. Só de imaginar minha vida sem ele, eu choro.

Ainda não imaginei minha vida sem ele, ainda não chorei.

Diante dessa história toda, o ponto que motivou esse post não foi a doença do meu avô em si, mas o que eu refleti sobre ela. 

E se você descobrisse que tem pouco tempo de vida?
Estou falando de meses contados. Tipo "Darling, você tem três meses de vida". Tanto ódio, rancor e inimizades que você guarda hoje no coração, se manteriam? Para quantas pessoas você deixou de dizer que ama, que adora? Quantas boas ações você fez (para os outros, não para si mesmo)? Quantas vezes deixou de comer chocolate porque engorda? O que você deixou de dizer? Quem você manteria ao seu lado? Quem você privaria desse sofrimento?

Pensei nisso enquanto trabalhava, e me escorreu uma lágrima. Ninguém viu, mas escorreu. E meu coração apertou... Apertou porque a ideia de morte, pra mim, é apenas uma passagem. Mas para mim é uma coisa... E quando a coisa é com quem é próximo, tão próximo que você não se imagina sem?

Não estou dizendo que meu avô vai morrer. Estou me proibindo de pensar nisso, sobre isso, ou qualquer coisa parecida. Pode acontecer? Pode. Mas pode ser que ele se cure, e que ele largue o álcool e o cigarro e vá mais à praia. Ele nunca vai à praia. Pode ser que ele assista mais filmes, leia mais livros, jogue mais vôlei (esqueci de dizer, mas ele é um atleta do caralho que ganhou uma porrada de medalhas), enfim, VIVA. Não que ele pare totalmente de beber, uma cerveja socialmente é bem aceita até pela sua neta aqui, cara! Só não quero que ele gaste seu dinheiro comprando outro maço de passagens para o fim depois que se curar.


Força, vô. Eu amo você.
(Aqui ele estava sóbrio e divertido. Poucas vezes o vi assim. Viu vô? Você é um cara foda e não precisa se entupir de cigarro e bebida pra isso!)





N.