quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Saída de passageiros à direita, por favor


O trem da mudança chegou. Não é estranho a frequência com que pessoas entram e saem da sua vida, pelos mais diversos motivos?! A maioria deles deixa uma marca, um cheiro, um beijo bom, um beijo péssimo, risadas gostosas, situações e bordões.

Os amores se renovam, as amizades se renovam. O tempo pede, o relógio clama. Aos poucos, o contato se perde. Sobram as fotos na piscina ou em frente à lousa. Peças de roupa, bilhetes no caderno, lágrimas contidas. Ressentimento também acontece, mas logo passa.

Quando acontece uma mudança significante em nossas vidas, as coisas tendem naturalmente a mudar. São lugares e pessoas novos, que vão acrescentar na nossa vida o que os antigos já não acrescentam mais. É triste ter de admitir a perda, seja do que for. Um celular quebrado, uma amizade perdida pelo tempo, um amor.

Quanto ao celular quebrado, eu tenho um sério problema com afeição a objetos. Acho que eles têm "vida", que sentem quando você os abandona. Sou da teoria de que meus bichos de pelúcia conversam uns com os outros enquanto durmo, e que eles não ligam quando eu esqueço os nomes que eu os dei. Sou relutante a doá-los, mas vou fazer isso um dia. Só tem um que eu não posso doar de jeito nenhum, um que acompanhou meus sonhos por toda a minha vida. Dolly, a cachorra. Cheguei a chorar na casa de uma prima porque não tinha a Dolly pra dormir comigo, e meu pai teve que levar a cachorra de pelúcia até a casa da minha prima, pra eu calar a boca e deixar a família dormir.

Minhas amizades se perdem a vida toda, infelizmente. São raras as que ficam, que criam raízes. Mudei de casa (e cidade) cerca de oito vezes desde que nasci. Houve um período em que era uma mudança por ano. Entrava numa escola, fazia amizades, saía. Isso se repetiu muitas vezes, fazendo com que eu me acostumasse com esse tipo de perda. Depois de quase oito anos na mesma cidade, as coisas mudaram novamente. Faculdade em outra cidade, trabalho cansativo (como toda boa jornalistona), e as coisas se perderam. Aos poucos, as amigas fizeram amizade com outras amigas, e já não me chamaram para os programas. Eu via fotos pelo Facebook e pensava: onde foi que eu as perdi.

A minha perda de amor aconteceu nessa mesma época. Conheci pessoas novas, amigos, pretendentes. De repente, estávamos diferentes. Nos perdemos. Cometi erros. Ele cometeu, mas não admite. Acho normal, já que o meu foi escrito pra quem quisesse ler. Acabou. Na separação, as amigas, aquelas do parágrafo anterior, ficaram com ele. Não porque escolheram, mas eu me afastei. Tudo girava em torno dos meus erros, e eu, como errante assumida, não suportei. Abri espaço.

Perdi um estágio maravilhoso pro meu começo, em um jornal importante da cidade. Tudo questão de medo, de pavor, de não se achar merecedora. Alguns meses se passaram, consegui outro estágio (não tão maravilhoso, mas aprendi como nunca). Mas aquela chance perdida sempre me persegue. Onde eu estaria agora, se ainda estivesse lá?!

Tem uma amiga que eu perdi, mas que estou encontrando de novo. Não me lembro ao certo do porque brigamos, provavelmente por conta de desentendimentos de outros. Ela é sincera, e sentimental. Just like me. Vamos sair e conversar, mas só ano que vem. Nesse final de ano, eu estou me redescobrindo. O post de redescobrimento vem logo depois do natal.

Eu reencontrei o amor, mais cedo do que deveria, confesso, mas é o mais avassalador e delicioso que eu já vivi. Eu nunca deixei de acreditar no amor, ele sempre veio pra mim de forma natural e essencial. Sempre que algo acaba, eu sei que algo me espera. E me esperava ali, no Clube de Campo de Sorocaba. Se eu imaginava que fosse tão cedo? Jamais. Achei, no começo, que seria uma transa sem precedentes. Acontece que se tornou digno de um jantar à luz de velas. Um olhar arrebatador que me tirou os pés do chão. Eu reencontrei o amor em sua forma mais pura: aquela em que o sorriso é tão forte que as orelhas param na nuca.

Por mais que as coisas se percam em nossas vidas, sempre haverá algo para compensá-las. Uma amizade legal, um beijo de tirar o fôlego, um sabor novo de sorvete, um emprego que pague o que você merece. Minha vida, e a de milhões de pessoas no mundo todo, é feita de perdas. Mas nunca se esqueçam que com as perdas, vem a chance de melhorar, de recomeçar. E é tão bom recomeçar, assim como o ano que se aproxima. Fazemos mil planos, sem saber se vão se concretizar. Os planos são deliciosos, brilhantes e me fazem suspirar.

Perca, faça planos, receba de volta.

Esse é o meu lema.